Solano:
dados revelam que ensino superior não significa conhecimento político e universidade não necessariamente forma cidadãos
Uma pesquisa realizada
durante o protesto de domingo (12 de abril), na Avenida Paulista, em
São Paul, expôs o perfil pouco politizado e desinformado dos
manifestantes.
Mesmo com um número bastante inferior aos de março, o movimento foi retratado pela mídia como demonstração de resistência ao atual governo, contra o PT e a corrupção.
Coordenada pela professora Esther Solano, da Unifest (Universidade Federal de São Paul), e pelo filósofo Pablo Ortellado, da USP, o levantamento mostra que o descontentamento também se estende aos partidos de direita.
A pesquisa mostra que 11% dos entrevistados disseram “confiar muito” no PSDB. Enquanto isso, 3% disseram sentir o mesmo sobre o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB). “Eles votaram no PSDB, mas não por confiança”, afirma Solano.
Questionados sobre o principal partido que compõe a base aliada do governo e ao qual pertence o vice-presidente da República, Michel Temer, apenas 1% disse ter grande confiança na legenda. “E mesmo sabendo que o partido assumiria o poder em substituição à Dilma, foram pedir o impeachment da presidente”, pontuou a pesquisadora.
Boatos – A pesquisa mostra ainda um alto grau de manipulação e desconhecimento entre os manifestantes. Questionados sobre a veracidade de fatos espalhadas pela rede, os entrevistados mostraram baixa capacidade de discernir entre o que era fictício ou real.
Para 71,3% dos manifestantes, o boato sobre a sociedade do filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Lulinha, com a empresa Friboi, foi apontado como verdadeira.
Outros 53,2% concordaram com a sentença “O PCC é um braço armado do PT”; e 42,6% com a afirmação “O PT trouxe 50 mil haitianos para votar na Dilma nas últimas eleições”.
O grau de desinformação é “impressionante”, segundo a professora Esther Solano. Para ela, a pesquisa comprova o quanto as pessoas são manipuladas por notícias falsas, espalhadas pelas redes sociais e veículos de comunicação mais conservadores.
O nível de desconfiança na grande mídia também impressionou a pesquisadora. Entre os manifestantes, 57,8% disseram “confiar pouco” na imprensa.
16% dos entrevistados durante a manifestação disseram confiar nas informações prestadas pelo Jornal Nacional, da Rede Globo; e 26%, no jornal “Folha de S. Paulo”. Além disso, 51,8% dos manifestantes de 12 de abril disseram ter na revista “Veja” como principal fonte de informação.
Para a professora, essa falta de credibilidade nos veículos tradicionais faz com que sujam personagens polêmicos, responsáveis por formar a opinião e senso crítico desse público, a exemplo de colunistas de extrema-direita. Entre os manifestantes, 49% disseram confiar na colunista Rachel Sheherazade; e 39,6% no jornalista Reinaldo Azevedo.
Nesse mesmo público que confia cada vez menos na grande mídia, 47,3% afirmam usar como principal fonte de informação o Facebook de amigos; sites e televisão, 56,2%; e Whatsapp, com 26%.
“Percebemos que esses manifestantes têm um perfil conservador, polêmico e é influenciado pelo espetáculo da informação”, concluiu Solano. “Interessante, eles nem leem direito, somente compartilham essas notícias”, observou.
Perfil – A maioria dos manifestantes do dia 12 de abril afirmou possuir grau de instrução superior completo, com 68,5%; e renda entre R$ 7.880 e R$ 15.760, com 28,5%.
“Fica claro que ensino superior não significa conhecimento político. E que universidade não necessariamente forma cidadãos”, afirmou a responsável pela pesquisa.
Agência USP
Mesmo com um número bastante inferior aos de março, o movimento foi retratado pela mídia como demonstração de resistência ao atual governo, contra o PT e a corrupção.
Coordenada pela professora Esther Solano, da Unifest (Universidade Federal de São Paul), e pelo filósofo Pablo Ortellado, da USP, o levantamento mostra que o descontentamento também se estende aos partidos de direita.
A pesquisa mostra que 11% dos entrevistados disseram “confiar muito” no PSDB. Enquanto isso, 3% disseram sentir o mesmo sobre o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB). “Eles votaram no PSDB, mas não por confiança”, afirma Solano.
Questionados sobre o principal partido que compõe a base aliada do governo e ao qual pertence o vice-presidente da República, Michel Temer, apenas 1% disse ter grande confiança na legenda. “E mesmo sabendo que o partido assumiria o poder em substituição à Dilma, foram pedir o impeachment da presidente”, pontuou a pesquisadora.
Boatos – A pesquisa mostra ainda um alto grau de manipulação e desconhecimento entre os manifestantes. Questionados sobre a veracidade de fatos espalhadas pela rede, os entrevistados mostraram baixa capacidade de discernir entre o que era fictício ou real.
Para 71,3% dos manifestantes, o boato sobre a sociedade do filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Lulinha, com a empresa Friboi, foi apontado como verdadeira.
Outros 53,2% concordaram com a sentença “O PCC é um braço armado do PT”; e 42,6% com a afirmação “O PT trouxe 50 mil haitianos para votar na Dilma nas últimas eleições”.
O grau de desinformação é “impressionante”, segundo a professora Esther Solano. Para ela, a pesquisa comprova o quanto as pessoas são manipuladas por notícias falsas, espalhadas pelas redes sociais e veículos de comunicação mais conservadores.
O nível de desconfiança na grande mídia também impressionou a pesquisadora. Entre os manifestantes, 57,8% disseram “confiar pouco” na imprensa.
16% dos entrevistados durante a manifestação disseram confiar nas informações prestadas pelo Jornal Nacional, da Rede Globo; e 26%, no jornal “Folha de S. Paulo”. Além disso, 51,8% dos manifestantes de 12 de abril disseram ter na revista “Veja” como principal fonte de informação.
Para a professora, essa falta de credibilidade nos veículos tradicionais faz com que sujam personagens polêmicos, responsáveis por formar a opinião e senso crítico desse público, a exemplo de colunistas de extrema-direita. Entre os manifestantes, 49% disseram confiar na colunista Rachel Sheherazade; e 39,6% no jornalista Reinaldo Azevedo.
Nesse mesmo público que confia cada vez menos na grande mídia, 47,3% afirmam usar como principal fonte de informação o Facebook de amigos; sites e televisão, 56,2%; e Whatsapp, com 26%.
“Percebemos que esses manifestantes têm um perfil conservador, polêmico e é influenciado pelo espetáculo da informação”, concluiu Solano. “Interessante, eles nem leem direito, somente compartilham essas notícias”, observou.
Perfil – A maioria dos manifestantes do dia 12 de abril afirmou possuir grau de instrução superior completo, com 68,5%; e renda entre R$ 7.880 e R$ 15.760, com 28,5%.
“Fica claro que ensino superior não significa conhecimento político. E que universidade não necessariamente forma cidadãos”, afirmou a responsável pela pesquisa.
Agência USP
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